terça-feira, 26 de maio de 2015

O papel do Estado na crise mundial.

Denis Collin afirma, em seu blog, que a crise financeira mundial confirma, de maneira clara, as análises do velho Karl. Segue minha tradução livre.
“A crise financeira de 2007/2008 e suas consequências confirmam de maneira clara as análises de Marx : o modo de  produção capitalista somente pode funcionar reproduzindo o capital sempre em uma escala  ampliada. Ou a busca de um processo de acumulação exige o recurso crescente ao credito e a todas as formas de investimento financeiro que permitam a distribuição, não de lucros reais, gerados no processo de produção, mas de ganhos antecipados, isto é, que não correspondam a um capital produtivo gerado pela mais valia.
É o que Marx chama de “capital fictício”. A massa do capital fictício terminou por incorporar o capital realmente investido, que é, ele mesmo, confrontado aos problemas crescentes de ajuste de valor, que Marx denominava de baixa tendencial  da taxa de lucro.
O exemplo da industria automobilística é particularmente esclarecedor para compreender, ao mesmo tempo, esta baixa das taxas de lucro e o peso crescente dos “produtos financeiros”.
Nesta situação e em uma escala gigantesca, encontramos ainda as análises de Marx sobre o papel da dívida pública na formação deste capital fictício. Que o Estado seja reduzido a “conselho de administração dos negócios comuns da burguesia” é certamente, desta maneira geral, uma concepção muito redutora. Durante as “trente glorieuses” ( obs. do tradutor: Período de grande crescimento de 1945 a 1973, nos países membros da OCDE, tb conhecido, na França, como a Revolução Invisível) o Estado foi o lugar da aposta nas lutas sociais para assegurar um desenvolvimento próximo da estabilidade do modo de produção capitalista, e  ele teve que proteger e , por vezes, organizar as conquistas sociais correspondentes às reivindicações dos assalariados.
Mas o se que chamou usando a expressão inadequada de “revolução neo-liberal” foi uma vasta operação política remetendo o Estado à sua clássica definição marxista.

A percepção da falência do sistema financeiro e sua consequência nos custos para os cidadãos acabou por reposicionar os governos como simples apoios de poder do capital financeiro.”

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O Modo de Produção Capitalista e a Indústria 4.0

Em 18 de maio de 2015, Frederico Tagliani publica um texto estimulante sobre “Indústria Inteligente, a nova revolução”. Tagliani registra as 4 revoluções industriais. A primeira, no final do século 18 com a máquina a vapor e a mecanização dos processos de fabricação. A segunda com a introdução da energia elétrica e a produção em massa ( vide Henry Ford). A terceira na década de 70, com a crescente automação empurrada pela eletrônica/automação. E , finalmente, a quarta revolução, que estamos começando a viver, com os processos computacionais controlando os processos físicos – Internet das Coisas (IoT), Big Data, sistemas de cyber-física(CPS), etc. A Alemanha usa a expressão “Indústria 4.0” para definir este novo momento. Seria possível ajustar as análises/conclusões de Marx/Engels sobre o Modo de Produção Capitalista – consolidado em O Capital, volume 1 – a este novo momento ?

terça-feira, 12 de maio de 2015

Gramsci no centenário (1918) do nascimento de Marx.

“Somos marxistas? Existem marxistas? Somente tu, estupidez, és eterna. Essa questão provavelmente ressuscitará nestes dias, por ocasião do centenário, e consumirá rios de tinta de estultice. A vã quinquilharia e o bizantinismo são heranças inalteráveis dos homens. Marx não escreveu um catecismo, não é um messias que tenha deixado uma fieira de parábolas carregadas de imperativos categóricos, de normas indiscutíveis, absolutas, fora das categorias do tempo e do espaço. Seu único imperativo categórico, sua única norma é: "Proletários do mundo inteiro, uni-vos."