domingo, 2 de junho de 2013

Marx e as mulheres.


Anna Marina Madureira de Pinho Bárbara Pinheiro, doutoranda em História Social da UFF, produziu uma original visão de Marx, a partir de sua relação com as mulheres mais próximas – mãe, esposa, filhas e empregada ( mãe de um filho seu, “perfilhado” por Engels) – e o nascente feminismo.
A autora dedica espaço especial para sua relação com Jenny ( Joanna Bertha Julie Jenny von Westphalen) sua namorada de infância, com quem se casou, depois de um noivado de sete anos, em 19 de junho de 1843 – sem a presença de seus familiares.
Marx e Jenny – 4 anos mais velha – conviveram durante 38 anos e ela se foi em dezembro de 1881, quinze meses antes de Marx.
Selecionei um trecho das “Conclusões” e a url para acessar a íntegra.

“Quem era Marx? Um emigrado prussiano que acabou se tornando um pequeno-burguês da sociedade inglesa vitoriana? Um pai de família e marido amoroso que teve um filho com a empregada?
Antes de tudo, Marx era um homem de seu tempo, interpelado pelo caldo de cultura de sua época. Como intelectual, levou a extremos o objetivo de conciliar teoria e prática, não apenas em função de sua militância política, mas especialmente porque vivia suas ideias. Mesmo na esfera mais recôndita das relações que estabeleceu com o mundo, a esfera familiar, suas ideias reverberavam, e vice-versa. Como marido, pai e filho, Marx personificou a contradição.
Nunca conseguiu romper completamente com seus vínculos familiares de origem. E embora, mais tarde, Freud demonstrasse que a realização deste projeto não era possível a ninguém, Marx, apesar de ter-lhe antecedido e voltar sua atenção para questões de outra ordem, teve importantes intuições a esse respeito. Desta forma, a afirmação presente “n’O 18 Brumário” de que  “a tradição de todas as gerações mortas, pesa como uma montanha na mente dos vivos”, parece não apenas, explicar o papel fundamental da subjetividade naquele momento da história francesa, como resumir sua própria vida.
O aspecto que escolhemos desenvolver desta vida, relacionando-o à sua obra, não é aquele que traz à tona toda a genialidade do “mago de Trier”, mas o que revela a fragilidade do homem por trás da grande teoria. Consideramos, contudo, que o fascínio que Marx exerceu sobre as pessoas que mais de perto conviveram com ele – sua esposa e filhas, a empregada e Engels – estivesse também aí, nesse conjunto de paixões e contradições que ele era e não somente, no brilhantismo de suas ideias. “

Jenny von Westphalen