quarta-feira, 28 de março de 2012

Imperialismo versus desenvolvimentismo.


Hoje, 28 de março de 2012, Marx volta a ocupar espaço no diário Valor Econômico. E com um detalhe: fora da coluna do Delfim Netto, um “marxista infilttrado”, segundo o jornalista Milton Coelho da Graça. O Prof. José Luis Fiori, publica interessante artigo - “Desenvolvimentismo e dependência” – em que analisa as teses do “desenvolvimentismo”, a partir da crise vivida pela América Latina, nos anos 60, e a auto-crítica da Cepal sobre a estratégia ( O Brasil entrou nessa!!!) de “substituição das importações”:
“Foi neste clima de estagnação e pessimismo que nasceram as "teorias da dependência", cujas raízes remontam ao debate do marxismo clássico, e da teoria do imperialismo, sobre a viabilidade do capitalismo nos países coloniais ou dependentes.
Marx não deu quase nenhuma atenção ao problema específico do desenvolvimento dos países atrasados, porque supunha que a simples internacionalização do "regime de produção burguês" promoveria, no longo prazo, o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas, no mundo dominado pelas potências coloniais europeias. Mais tarde, no início do século XX, a teoria marxista do imperialismo manteve a mesma convicção de Marx, que só foi questionada radicalmente, depois do lançamento do livro do economista, Paul Baran, "A Economia Política do Desenvolvimento", em 1957. Após sua publicação, a obra de Baran se transformou em referência obrigatória do debate latino-americano dos anos 1960. Para Paul Baran, o capitalismo era heterogêneo, desigual e hierárquico, e o subdesenvolvimento era causado pelo desenvolvimento contraditório do capitalismo. Além disto, segundo Baran, o capitalismo monopolista e imperialista teria bloqueado definitivamente o caminho do nos países atrasados.”
Com razão o Prof. Fiori, Marx e Engels não imaginavam que a revolução poderia acontecer nos países atrasados. Engels chegou a profetizar que a Alemanha seria pioneira. Como se pode constatar, profecia não era o forte da  dupla. Aí estão, a Rússia feudal, a China dos mandarins e a Cuba de Batista, entre tantas outras tentativas, tipo Angola.

sábado, 24 de março de 2012

129 anos depois, Marx mais vivo do que nunca.

-->
Em 14 de março, o sociólogo argentino Atílio Boron publica um texto para demonstrar a permanência dos sonhos do velho Karl : “Em um dia como hoje, há 129 anos, morria placidamente em Londres, aos 65 anos de idade, Karl Marx. Correu a sorte de todos os grandes gênios, sempre incompreendidos pela mediocridade reinante e o pensamento dominado pelo poder e pelas classes dominantes. Como Copérnico, Galileu, Servet, Darwin, Einstein e Freud, para mencionar apenas alguns poucos, foi menosprezado, perseguido, humilhado. Foi ridicularizado por anões intelectuais e burocratas acadêmicos que não chegavam a seus pés, e por políticos complacentes com os poderosos de turno, a quem causavam repugnância suas concepções revolucionárias “.
Jesus Chediak, companheiro de lutas recentes, enviou-me a íntegra do texto em tradução
 de Gabriel Brito, jornalista do Correio da Cidadania: www.correiocidadania. com.br /index.php?option=com_content&view=article&id=6921:submanchete160312&catid=31:mundo&Itemid=59
Selecionei alguns trechos.

“O mundo de hoje, surpreendentemente, se parece ao que ele e seu jovem amigo Engels prognosticaram em um texto assombroso: o Manifesto Comunista. Esse sórdido mundo de oligopólios de rapina, predatórios, de guerras de conquista, degradação da natureza e saque dos bens comuns, de desintegração social, de sociedades polarizadas e nações separadas por abismos de riqueza, poder e tecnologia, de plutocracias travestidas de democracia, de uniformização cultural pautada pelo american way of life, é o mundo que antecipou em todos os seus escritos.”
.......................................................................................
“O caráter decisivo da acumulação capitalista, estudada como ninguém mais o fez em O Capital, era negado por todo o pensamento da burguesia e pelos governos dessa classe, que afirmavam que a história era movida pela paixão dos grandes homens, as crenças religiosas, os resultados de heróicas batalhas ou imprevistas contingências da história. Marx tirou a economia das catacumbas e não só assinalou sua centralidade como demonstrou que toda a economia é política, que nenhuma decisão econômica está livre de conotações políticas. E mais, que não há saber mais político e politizado do que a economia, rasgando as teorias dos tecnocratas de ontem e hoje que sustentam que seus planos de ajuste e suas absurdas elucubrações econométricas obedecem a meros cálculos técnicos e são politicamente neutros.”

domingo, 11 de março de 2012

O fetichismo da mercadoria antecipa o marketing ?

-->
A “invenção” do fetichismo da mercadoria, segundo alguns analistas, conduziu Marx na ultrapassagem dos postulados da Economia Potica clássica. Vale lembrar que Ricardo (e o Delfim Neto ainda acha que Marx foi “seduzido” por ele) ao tratar da forma como a riqueza se distribui entre as classes não se deteve no questionamento das causas que originaram esta forma de distribuão. O velho Karl, no entanto, centrou no estudo das relações de produção o objeto da Economia Potica e, assim, encontrou no fetiche da mercadoria o elemento explicativo do surgimento, da consolidação e do modo de operar destas relações e das formas de distribuão correlatas.
Para diversos marxólogos contemporâneos, a teoria do fetichismo é o elemento central que diferencia o enfoque marxista do liberal clássico. Marx teria percebido relações humanas por trás das relações entre as coisas, revelando a ilusão da consciência humana que se origina da economia mercantil e atribui às coisas características que têm sua origem nas relações sociais entre as pessoas no processo de produção.
Vale lembrar que fetiche vem de “feitiço” e para os seguidores do doutor Freud, entende-se como o substituto de um objeto do desejo.
Assim, provavelmente, o que Marx quiz dizer com fetichismo da mercadoria, é o fato do produto exercer um controle – sobrenatural até – sobre o comprador.
“… É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. A fim de encontrar uma analogia, devemos recorrer às regiões enevoadas do mundo religioso” O Capital volume 1.
Richard Sennet analisa o significado do fetichismo da mercadoria para entender as bases culturais que originaram  a sociedade de consumo e fizeram surgir o marketing.
 “Uma mercadoria, portanto, é algo misterioso simplesmente porque nela o caráter social do trabalho dos homens aparece a eles como uma característica objetiva estampada no produto deste trabalho; porque a relação dos produtores com a soma total de seu próprio trabalho é apresentada a eles como uma relação social que existe não entre eles, mas entre os produtos de seu trabalho(…). A existência das coisas enquanto mercadorias, e a relação de valor entre os produtos de trabalho que os marca como mercadorias, não têm absolutamente conexão alguma com suas propriedades físicas e com as relações materiais que daí se originam… É uma relação social definida entre os homens que assume, a seus olhos, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. A fim de encontrar uma analogia, devemos recorrer às regiões enevoadas do mundo religioso.
Neste mundo, as produções do cérebro humano aparecem como seres independentes dotados de vida, e entrando em relações tanto entre si quanto com a espécie humana.
O mesmo acontece no mundo das mercadorias com os produtos das mãos dos homens. A isto dou o nome de fetichismo que adere aos produtos do trabalho, tão logo eles são produzidos como mercadorias, e que é, portanto inseparável da produção de mercadorias." ( O Capital Vol 1)
.............................................................................