sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Marx e a mais recente crise do capitalismo.


O documentário, de Jason Barker, “Marx Reloaded” ( 2011 ) pretende avaliar a relevância das teses do velho Karl no entendimento da crise global de 2008/09. Os depoimentos – diversificados – abrigam equívocos e acertos. Postado, na íntegra, no youtube em julho de 2013, convida a uma atenta permanência de 52 min. e 29 s em frente à tela.
Abaixo url de entrevista – em inglês - de Jason Barker ao versobooks:
http://www.versobooks.com/blogs/900-an-interview-with-jason-barker-director-of-marx-reloaded

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O maior socialista ricardiano

O título acima foi extraído do artigo de Hobsbawm "Marx, Engels e o socialismo pré-marxiano".
Delfim Netto defende a tese que Marx foi profundamente influenciado pela leitura de Ricardo.
Hobsbawm vai além: "...Marx foi o último - e, de longe, o maior - dos socialistas ricardianos".

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Marx do "pé-de-página". Parte 2


Tenho me dedicado, nos últimos dias, à leitura das notas de pé de página do Capital. Segue mais um trecho da seção 4 – O Fetichismo das Mercadorias e seu Segredo – do Capítulo I, onde Marx enfatiza a “...formação social em que a produção e as suas relações comandam o homem em vez de serem por ele comandadas”.
Na nota de pé-de-página”, aproveita para manifestar seu tradicional repúdio às ideias de Bastiat – defensor intransigente do modo capitalista de produção. Vale lembrar que Schumpeter comungava com o pensamento do velho Karl: “Eu nunca achei que Bastiat fosse um mau teórico. Eu defendo que  ele nunca foi um teórico”.
Primeiro o texto e, a seguir, a nota de pé-de-página:
O texto:
Fórmulas, que logo à primeira vista mostram pertencer a uma formação social em que a produção e as suas relações comandam o homem em vez de serem por ele comandadas, surgem à sua consciência burguesa como uma necessidade tão natural como o próprio trabalho produtivo. Nada de espantar que as formas de produção social que precederam a produção burguesa sejam tratadas da mesma maneira que os Padres da igreja tratam as religiões que precederam o Cristianismo.(Vide nota)
A Nota:
"Os economistas têm uma maneira singular de proceder . Para eles existem apenas duas espécies de instituições, as artificiais e as naturais. As instituições feudais são instituições artificiais; as da burguesia são instituições naturais. Nisto assemelham-se aos teólogos, que também distinguem duas espécies de religiões: qualquer religião que não seja a sua é uma invenção dos homens, enquanto que a sua própria religião é uma emanação de Deus. Deste modo, houve história, mas já não há" (Karl Marx, Misere de la Philosophie. Réponse à la Philosophie de la Misere de M. Proudhon 1837, p. 113). O mais divertido é Bastiat, que imagina que os gregos e os romanos viviam apenas da rapina. Mas para se viver da rapina durante vários séculos, é necessário que tenha existido sempre qualquer coisa para roubar ou que o objeto das rapinas continuas se reproduza constantemente. É de crer, pois, que os gregos e os romanos tivessem também o seu processo de produção, e portanto uma economia que constituía tanto a base material da sua sociedade, quanto a economia burguesa constitui a base da sociedade actual. Ou pensará Bastiat que um modo-de-produção assente no trabalho dos escravos é um sistema de roubo? Coloca-se então num terreno perigoso. Quando um gigante do pensamento como Aristóteles  pode enganar-se na sua apreciação do trabalho escravo, por que é que um economista anão como Bastiat haveria de acertar na sua apreciação do trabalho assalariado? Aproveito esta oportunidade para responder sucintamente a uma objecção que me foi feita por um jornal germano-americano a propósito da minha obra: Zur Kritik der Politischen Ökonomie, publicada em 1859. Segundo ele, a minha opinião de que o modo-de-produção determinado e as relações sociais que dai derivam, numa palavra, "a estrutura económica da sociedade, é a base real sobre a qual se eleva o edifício jurídico e político", de tal maneira que "o modo-de-produção da vida material domina em geral o desenvolvimento da vida social, política e intelectual", segundo ele, esta opinião seria justa para o mundo moderno, dominado pelos interesses materiais, mas não para a Idade Média, onde dominava o catolicismo, nem para Atenas e Roma, onde dominava a política. Desde logo, é estranho que alguém se disponha a crer que alguém ignora estas trivialidades sobre a Idade Média e a antiguidade. O que é evidente e que nem a primeira podia viver do catolicismo, nem a segunda da política. Pelo contrário, as condições económicas de então explicam a razão por que, no primeiro caso o catolicismo e no segundo a política, desempenhavam o papel principal. De resto, um mínimo de conhecimentos sobre a história da república romana, por exemplo, basta para ver que o segredo da sua história é a história da propriedade fundiária. Por outro lado, ninguém ignora que já D. Quixote teve que se arrepender por ter acreditado que a cavalaria andante era compatível com todas as formas econômicas da sociedade.